Pacientes com Transtorno
Dismórfico Corporal sofrem de idéias persistentes sobre o modo como percebem a
própria aparência corporal, portanto, todo paciente com Vigorexia tem também
Transtorno Dismórfico Corporal. Esses pensamentos persistentes, intrusivos,
difíceis de resistir, invadindo a consciência e em geral acompanhados por
compulsões rituais de olhar-se no espelho constantemente seriam muito
semelhantes
aos pensamentos obsessivos dos pacientes com Transtorno
Obsessivo-Compulsivo.
Essas idéias obsessivas
sobre defeitos no próprio corpo são, em geral, egodistônicas, ou seja, estão em
desacordo com o gosto da pessoa, portanto, fazem a pessoa sofrer.
No Transtorno Dismórfico
Corporal são mais comuns as queixas que envolvem defeitos faciais, como por
exemplo a forma ou tamanho do nariz, do queixo, a calvície, etc. mas, não
obstante podem envolver outros órgãos ou funções, como a preocupação com o
cheiro corporal que exalam, mau hálito, odor dos pés, etc.
Choi1, Pope e Olivardia
definem o Transtorno Dismórfico Muscular como uma nova síndrome onde as
pessoas, geralmente homens, independentemente de sua musculatura (embora
normalmente sejam bem desenvolvidos), têm uma opinião patológica a respeito do
próprio corpo, acreditando terem uma musculatura muito pequena.
A co-morbidade do
Transtorno Dismórfico Corporal ou de sua variante, o Transtorno Dismórfico
Muscular (Dismorfia Muscular), com outros quadros psiquiátricos, tais como a
Fobia Social, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a Depressão e outros quadros
delirantes é bastante freqüente. Com Depressão e Ansiedade essa co-morbidade
chega a 50% dos casos, especialmente com quadros de ansiedade tipo Pânico.
Com o Transtorno
Obsessivo-Compulsivo clássico, Fobia Social e Anorexia Nervosa a comorbidade
também é alta, em torno de 40%. Pacientes com Transtorno Dismórfico Corporal em
geral são perfeccionistas e podem ter traços de personalidade obsessivos ou
esquizóides.
Critérios Diagnósticos para
F45.2 (CID.10) ou 300.7 (DSM.IV) do Transtorno Dismórfico Corporal
A. Preocupação com um imaginado defeito na
aparência. Se uma ligeira anomalia física está presente, a preocupação do
indivíduo é acentuadamente excessiva.
B. A preocupação causa sofrimento clinicamente
significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras
áreas importantes da vida do indivíduo.
C. A preocupação não é melhor explicada por outro
transtorno mental (por ex., insatisfação com a forma e o tamanho do corpo na
Anorexia Nervosa).
Causas
Ainda que não se tenham
dúvidas sobre o forte elemento sociocultural no desenvolvimento e na incidência
da Vigorexia, também parece que a patologia esteja relacionada com desequilíbrios
de diversos neurotransmissores do sistema nervoso central, mais precisamente da
serotonina.
Também a causa do
Transtorno Dismórfico Corporal é desconhecida, embora existam relatos de algum
envolvimento orgânico em casos que tiveram início pós-encefalite ou meningite.
Isso reforça a hipótese de envolvimento ou disfunção dos gânglios da base
nestes quadros. Essa mesma hipótese tem sido emprestada ao Transtorno
Obsessivo-Compulsivo e outros transtornos do espectro obsessivo-compulsivo.
Para Pope, pode-se recorrer
a fármacos que atuem sobre esses neurotransmissores para o tratamento dessa
doença. A própria resposta positiva dos medicamentos bloqueadores seletivos da
recaptação de serotonina tem sugerido que os sintomas de Transtorno Dismórfico
Corporal estejam relacionados à função da serotonina. Existem relatos de
exacerbação dos sintomas do quadro com o uso de maconha, a qual também tem ação
serotoninérgica. Veja Transtorno Dismórfico Corporal no DSM.IV
Entretanto, a psicoterapia é fundamental e deve ser, preferencialmente, comportamental e cognitiva. O objetivo é modificar a conduta da pessoa, recuperando sua autoestima e superando o medo do fracasso social.
Entretanto, a psicoterapia é fundamental e deve ser, preferencialmente, comportamental e cognitiva. O objetivo é modificar a conduta da pessoa, recuperando sua autoestima e superando o medo do fracasso social.
Incidência
Os transtornos derivados da
excessiva preocupação com o corpo estão se convertendo numa verdadeira
epidemia. Desejar com ardor uma imagem perfeita não implica sofrer de uma
doença mental, mas aumenta as possibilidades de que esta apareça. Ainda que
haja hipóteses biológicas para estes transtornos, como por exemplo, eventuais
alterações nos desequilíbrios nos níveis de serotonina e outros
neurotransmissores cerebrais, não cabem dúvidas de que os fatores
sócio-culturais e educativos têm uma grande influência em sua incidência.
Os portadores de Vigorexia
são, em sua maioria, homens entre 18 e 35 anos, os quais começam a dedicar
demasiado tempo (entre 3 e 4 horas diárias) a atividade de modelação física,
resultando em algum tipo de prejuízo sócio-ocupacional. A idade de início mais comum
do Transtorno Dismórfico Corporal também é no final da adolescência ou início
da idade adulta. A média de idade está em torno dos 20 anos, não sendo raro que
o diagnóstico seja feito mais tardiamente. Por causa dessas coincidências é que
a Vigorexia (ou Transtorno Dismórfico Muscular) pode ser incluída dentro do
Transtorno Dismórfico Corporal.
Segundo dados de Pope,
entre 9 milhões de norte-americanos que freqüentam academias de ginástica,
existe perto de um milhão de pessoas afetadas por um transtorno de ordem
emocional que os impede ver-se como são na realidade. Por mais treinamento que
essas pessoas realizem, por mais musculatura que desenvolvam, elas sempre se
acharão fracas, débeis, raquíticas e sem nenhum atrativo físico. Esses seriam
os vigoréxicos.